sábado, 4 de junho de 2011

Maldito CH3CH2OH

    Estava eu recordando sobre minhas incursões, muitas vezes solitárias, pelas noites da cidade. Impressionei-me ao lembrar quantas coisas loucas, divertidas, muitas vezes inusitadas ou até mesmo estranhas acontecem por aí. Dentre elas, posso destacar sem sombra de dúvidas algumas vencedoras: ir assistir a um show que você estava louco para ver, pagar o ingresso (caro, por sinal) e acabar não vendo o show; conhecer um argentino no banheiro e depois de quinze minutos de um papo cabeça, ele rir da sua cara e dizer que não é argentino; cair na mesma pegadinha dias depois e conhecer um falso baiano; dançar até não aguentar mais; plantões hospitalares; arranjar um ‘quebra-pau’ por causa de uma mulher; perder comandas; conhecer um hobbit; ajudar uma amiga que você acabou de conhecer a fugir do ex-marido furioso e depois descobrir que não adiantou nada e ele pegou ela no dia seguinte; cantar incrivelmente mal no carro, com o som no ‘talo’ e enlouquecer todos os seus amigos; e a lista vai longe…
    “Maldito CH3CH2OH!”, pensei comigo mesmo. Quanta coisa doida as pessoas fazem por causa dele. Será que alguém já tentou ir a uma festa e sair sem tomar um único gole? Respondo essa: sim. Eu mesmo tentei, mas fracassei nos primeiros cinco minutos. Mas isso tem uma explicação lógica: eu me encaixo em um seleto grupo de pessoas que não consegue se sentir à vontade, se soltar, sem tomar um ou dois goles (veja bem, sou um cara reservado, não alcoolatra).
    O mais interessante é observar o modo distinto como cada um reage ao estímulo alcoolico: alguns viram humoristas natos, outros grandes filósofos, outros viram atores de novela mexicana - sabe aquele drama? - e alguns se transformam no “bonzão” do pedaço. Eu fico apenas um bocado corajoso. Tudo o que eu penso e não faço quando me encontro sóbrio, acabo pondo em prática após alguns ml’s de etanol. Por conta disso, a vários dias atrás, passei pela situação mais inusitada possível quando, por pura e simples zoação, depois de vários goles, resolvi dar uma cantada na moça que atendia no balcão: “me dá uma Polar e o teu telefone, por favor!”. Óbviamente, ela voltou apenas com a cerveja. Então um amigo meu muito espertinho - e ele vai lembrar disso - me deu a “incrível” idéia: “na próxima, chega pra ela e pede com que cerveja funcionaria a tua cantada”. E me fui. A resposta da moça foi um simples sorriso (forçado). Maldito CH3CH2OH!
    Poderia me estender ainda um bocado e retratar mais alguns fatos hilários - e tem gente que adoraria isso - mas por que fazer tal judiaria com minha ingênua dignidade? O fato é que, por duas ou três vezes, fiz simples jacas de pantufas e, graças ao nosso querido CH3CH2OH, transformei René Descartes em uma limpeza gastrointestinal sem precedentes (essa foi para os bons entendedores): “Bebo, logo faço besteira!”
                                                          (By Tiarles Daros)

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