sábado, 4 de junho de 2011

Dias atrás encontrei-me perdido em devaneios enquanto a chuva caia lá fora, tão pura e constante contra a minha janela. Uma brisa despreocupada soprava entre as árvores, trazendo aquele friozinho misturado com um sentimento de solidão que algumas vezes já me parecia tão morbidamente familiar quanto o aconchego do meu próprio quarto. Peguei-me a remexer em algumas velhas lembranças que tinha escondido bem lá no fundo, pra que não pudesse encontrá-las tão facilmente. Cheguei mesmo a questionar se valia a pena reviver, mesmo que em pensamento, algumas dessas memórias, mas logo conclui que eu realmente não tinha muita escolha. Esse é mais um daqueles casos que deveria estar arquivado por não ter solução - já diria o popular, o que não tem remédio, remediado está - mas no fim das contas, aquela voz interior sempre acaba falando mais alto do que a própria razão, e eu repito pra mim mesmo: “como eu a odeio por gostar tanto dela”. Sentimento controverso é bobagem. Sim, é verdade, o coração é traiçoeiro e, me arrisco a dizer, o pior dos meus inimigos: não impõe nenhuma condição, nenhum obstáculo ou nem mesmo uma porta trancada para que quem quer que seja entre nele. Não bastasse isso, esse alguém entra e ocupa todo o espaço reservado ali e, quando sai, leva um pedaço consigo, pra que você nunca esqueça que ela esteve lá. Sempre ouvi que o tempo cura tudo. Discordo. O tempo só faz é abrandar a dor, deixar saudade e te fazer entender que apenas outro amor, esse sim, é capaz de consertar um coração partido. Certas marcas - fato - jamais conseguem ser apagadas. Então, porque tentar esquecer de alguém que foi tão especial na sua vida? Será que os momentos bons de nada valeram? Pois sim, mesmo os momentos ruins serviram para ensinar alguma coisa: que você tem um coração capaz de amar, e isso, nada pode substituir…
                                                                       (by Tiarles Daros)

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